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[ESPECIAL] Conheça a história da Terça Negra e seus ideais de luta

Buscando valorização cultural, em 20 de novembro de 1978 foi criado o (MNU) movimento negro unificado, a data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares que faleceu no mesmo dia, só que no ano de 1965. O movimento iniciou em São Paulo, com intuito de denunciar a discriminação sofrida por quatro crianças do time de vôlei do clube regatas Tietê, protestavam pela morte de um deles. A organização tinha política, religião e cultura como pilares de luta.

Ai você me pergunta: o que isso tem a ver com a “Terça Negra?”, calma nós vamos chegar lá. De acordo com estatísticas do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio) cerca de 35,8 milhões de afrodescendentes moram na região nordeste, mais fortemente concentrados na Bahia, Maranhão e Pernambuco, e em 1979 o movimento ganhou forças em Recife.

Foi o próprio MNU que deu início a ideia da Terça Negra, ao final dos anos 90 a organização se sentiu na obrigação de gerir encontros culturais, a princípio no Recife só existiam eventos de samba de raiz, no “Pagode do Didi”, situado próximo à Avenida Dantas Barreto, e lá mesmo Arnaldo Vicente, Adeildo Araújo, Demir da Hora, José de Oliveira, Marta Almeida e o Mestre Didi decidiram que esse tal evento poderia ficar sendo realizado as terças feiras.

O evento só tomou forma concreta nos anos 2000, na gestão do prefeito João Paulo (PT), o Movimento Negro teve um voz maior com o governo, e a partir de maio de 2001 ficou estabelecido que todas as terças-feiras do mês seria realizado o evento no Pátio de São Pedro.

No início a Terça Negra contava com apresentações voltadas exclusivamente a cultura afro, maracatu, afoxé, samba reggae, anos depois também aderiram ao coco, reggae e hip-hop.

O evento sempre foi uma espécie de trampolim artístico, pois além de valorizar o gênero, é um espaço exclusivo para bandas daqui. O evento não paga cachê.

Grupo Afro Resistência Negra na Terça Negra

Porém, com a mudança do governo na cidade do Recife, o evento sofreu uma desvalorização e foi “minado” aos poucos. Em 2014 passou a ter direito ao espaço do Pátio de São Pedro somente duas terças por mês e esse ano o espaço ficou mais estreito ainda sendo realizado somente uma vez no mês. Mesmo com poucos recursos, a Terça Negra só vem crescendo, e segundo Demir da Hora, organizador do evento, até grupos de outros gêneros que não tem desinência afro, tem interesse em tocar.

Maracatu Encanto do Pina - Terça Negra 2013

Mas a Terça Negra, não se limita a ser um meio de reprodução das artes afro, existe compactação com os pilares do MNU e por meio de seus eventos semanais buscam desestigmatizar as tradições afrodescendentes na sociedade, que muitas vezes possuem visão unilateral e não as reconhecem como religião.

O papel do Movimento Negro é discutir esses pontos e desmistificar, dentro da sociedade civil, as identidades errôneas que são associadas a religião africana, bem como seus rituais e crença. No lado político, o MNU desenvolve politicas publicas frente ao Governo do Estado, de combate a segregação racial e questionamento a real inserção do homem e mulher negra na sociedade, dando assim força completa aos pilares do movimento.

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