[COLUNA] A mudança da cena pernambucana - por Átila Zapata
- Átila Zapata
- 23 de jul. de 2015
- 3 min de leitura

Semana passada recebi uma boa notícia de um amigo, Juniani, mais conhecido como dj 440, em conversa descontraída e empolgante, me falou que a Prefeitura do Recife irá patrocinar e estruturar a terça do vinil (projeto que o dj dirige fazem 8 anos). E essa notícia apenas corroborou com a visão que eu venho tendo da cena musical de Pernambuco. O estado ferve o ano inteiro com bandas autorais, mas não tem o apoio necessário. Porém, hoje esta visão de pessoas importantes para a nossa cultura está mudando.
O governo incentivando e participando direto da manifestação musical popular, das noites do Recife e Olinda, em especial, é algo pouco observado em governos anteriores, a não ser durante o carnaval e São João e alguns eventos extraordinários. Sai governo e entra governo e o apoio e proximidade com os artistas de Pernambuco é algo muito complicado ou algo momentâneo. Normalmente os artistas ficam dependendo de uma aprovação da fundarpe ou funcultura, tornando assim subjetiva a escolha para apoiar, financeiramente, trabalhos autorais ou incentivos à eventos. Mas a mudança parece estar acontecendo, mais precisamente, nos empresários, donos de bares e casas de shows. Eles estão preferindo contratar mais bandas autorais para seus eventos nas noites, do que bandas covers.
O público também parece demonstrar uma insatisfação por músicas já conhecidas. O que nota-se é casas de shows, boates e afins fecham as portas em pouco tempo. Em contrapartida à isso, as bandas que tocavam covers começam a 'sair do armário', produzindo o seu CD ou EP autoral. As casas comecam a trabalhar com artistas e músicas autorais e os eventos, de mesma natureza que antes eram esquecidos pelo público, hoje começam a ter mais adeptos.
Mas eu quero questionar o porque dessa ligeira analogia entre prefeitura do recife, governo e donos de bares e casas de shows, terem o mesmo comportamento e preferir e fomento a musica autoral pernambucana. Isso, ao meu ver, deve-se à mudança de visão do público em busca por coisas novas, como banda e artistas que trazem uma proposta diferente e inerente à cidade.
Ultimamente alguns movimentos sociais uniram moradores, artistas e fãs com a exigência da saída das casa camarotes da cidade alta, durante o carnaval. Isso trouxe uma visão crítica à músicas e eventos que vem de fora, e que em sua grande maioria, não tem a ver com a música cultural do nosso carnaval. O estelita também causou este efeito, e digo mais, ainda maior. O movimento estelita se uniu a movimentos que trazem a cultura à rua, como O SOM DA RURAL de Nilton Pereira e Roger de Renor. Fazendo assim, uma manifestação socio cultural. Artistas de renome, como Otto, Lirinha, Banda Eddie, Karina Burh, Oco... e artistas novos que estão causando um estardalhaço na cena musical de recife, como Juvenil e Graxa, já se apresentaram pela rural, ocupando praças públicas ou até mesmo no CAIS JOSÉ ESTELITA, o barulho feito pela rural na mídia e no "boca boca" tornou-se cada vez maior.
A adesão popular está sendo incrivelmente positiva à esses movimentos socio cultural. A prefeitura e os donos de bares não poderiam ficar de fora dessa onda que começa a tomar o Recife e Olinda, principalmente.
Mas ainda é ínfimo, precisamos de muito mais fomento, investimento, entendimento, público e privado à cultura. Precisamos de um trabalho mais sério de apoio à bandas autorais, à cultura musical do estado, e à produção e divulgação desses trabalhos. Temos que continuar mudando presionando o governo pra chegar lá. O estado precisa disso, precisa de um povo feliz, de um governo que se preocupe com a arte que surge do povo. Afinal, o povo é a cultura!

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